
Fim da obrigatoriedade do diploma de Jornalismo sob protestos
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no último dia 17, que pôs fim à obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalismo indignou e mobilizou não só os profissionais da categoria, mas também toda a sociedade brasileira. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e os Sindicatos estão recebendo milhares de mensagens de solidariedade de outras entidades, movimentos sociais, parlamentares, autoridades e da própria população, colocando-se à disposição para defender e lutar com os jornalistas.
Na manhã da última segunda-feira, 22, o diretor do Centro de Educação e Comunicação e coordenador do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), jornalista Jairo Sanguiné Júnior, esteve em Rio Grande, onde participou de um debate no programa Outras Palavras da Furg TV. Participaram do programa também o delegado em Rio Grande do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, jornalista Alan Bastos, que é contra a decisão do STF, e o professor da Faculdade de Direito da Furg, dr. Miguel Ramos Filho, a favor da desobrigatoriedade do diploma de jornalista. Na ocasião, Sanguiné também falou com a reportagem do Jornal Agora.
Retrocesso para a comunicação
O jornalista afirmou que a decisão do STF significa uma temeridade para a sociedade brasileira em relação ao processo de informação. Ao mesmo tempo, ele garante que é um momento importante que abre a oportunidade para a discussão de um termo bastante utilizado na imprensa brasileira: “liberdade de expressão”. A maioria dos ministros do STF utilizou como argumento que a obrigatoriedade do diploma de jornalismo cerce a liberdade de expressão. “De quem é o poder de decidir quem irá escrever em um jornal e o que será veiculado nos meio de comunicação? Essa decisão é dos próprios proprietários e editores dos meios de comunicação”, avaliou. Além disso, Sanguiné explica que a lei prevê que o jornalismo tenha colaboradores, que expresse opinião sobre um assunto, ao qual ele é habilitado. “Ao jornalista cabe tratar da informação que interessa à sociedade. Eu costumo usar o exemplo da gripe suína. Um médico pode escrever um artigo sobre o assunto, e será mais técnico. No entanto, passar a informação, quem tem condições de fazer é um profissional diplomado”, garante.
Outro argumento utilizado pelos ministros é a deficiência dos cursos, que não prepararam adequadamente os futuros profissionais. Sanguiné afirma que isso não acontece somente com o jornalismo, mas com todos os cursos. No entanto, ele assegura que os cursos superiores de comunicação vêm acompanhando a evolução da sociedade com atualização e qualificação. “Na UCPel, dos nossos 15 professores, 5 são doutores, 6 mestres e 4 especialistas que desenvolvem pesquisas e se qualificam para ir para a sala de aula”, disse.
Quanto à estrutura dos cursos, o jornalista acredita que não haverá mudanças, a não ser que seja para qualificar o ensino. “Os cursos continuaram existindo até para mostrar a importância da formação”, garante. A preocupação do diretor do curso de comunicação da UCPel é que esses oito votos da mais alta corte teve influência na vida dos 80 mil jornalistas diplomados, além de professores universitários, estudantes, entre outros. “Foi uma decisão sem embasamento, com argumentos que não se sustentam e definiu de maneira vazia o exercício profissional do jornalista”, argumenta.
Sanguiné defendeu ainda que o curso de Jornalismo é fundamental para que o profissional desempenhe a atividade com responsabilidade, tenha conhecimento técnico e compreenda o significado do processo informativo. “Esse processo é complexo, exige estudos de teoria. Através do curso, o estudante de Jornalismo aprende a pensar a sociedade como um todo”, esclarece. Por fim, ele ressaltou ainda que o curso de Jornalismo é importante na formação da ética do exercício profissional.
Nesta quarta-feira, 24, a partir das 14h, haverá uma manifestação da categoria em Porto Alegre. A concentração será na Esquina Democrática.
Fonte:www.jornalagora.com.br
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